
O debate, em torno do acidente aéreo com o Airbus da TAM, no aeroporto de congonhas, em São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, e que teve mais de 200 vítimas, gira através da imprensa, em torno da necessidade de encontrar um culpado.
Será que o culpado foi o piloto Comandante Kleyber Lima, de 55 anos e com larga experiência?
Será que foi o defeito no reverso do avião que já estava bloqueado, ou a ausência na pista das ranhuras no asfalto, o famoso “grooving”, que ajudariam na frenagem dos pneus principalmente no caso de pista com chuva? Ou foi o autoritarismo dos manuais seguido pelas companhias aéreas, que defende sempre a continuidade da transação comercial das empresas?
Coloco aqui uma questão que acredito deveria ser pensada de uma maneira mais profunda.
Como resgatar numa sociedade industrial capitalista, o máximo de normas de conduta que sejam pautadas pelo valor ao ser humano, e que ajudem na construção de uma sociedade mais humanitária?
Embora o homem moderno tendo criado maneiras novas e melhores para dominar a natureza, tornou-se enleado em uma teia desses meios e perdeu de vista o fim que lhe dá significado – o próprio homem.
A falta dessas normas moral humanitária produz a desintegração mental e emocional de toda a sociedade.
Nossas atitudes deveriam ser norteadas pelo princípio humanitário, ou seja, o de que nada há de superior, ou mais digno do que a existência humana. O bem-estar do homem deveria ser o único critério do valor ético, pois se penso e defendo a vida do outro, estarei também defendendo a minha vida, resgatando e confirmando também o meu direito à felicidade.
Sendo assim, não se pensaria nunca em ceder a pressão das empresas, liberando uma pista para uso, que não reunia todas as condições de segurança necessária à preservação da vida humana; Sendo assim, não se pensaria nunca em liberar nenhum avião para vôo, que apresentasse defeito em equipamentos que são importantes para o piloto garantir a vida humana.
Após cada desastre, tragédias e mortes as pessoas buscam demonstrar que desejam o resgate do valor humano com cobranças e procurando um culpado.
O culpado sempre será toda a sociedade humana, que não busca defender incessantemente, nos mínimos atos do cotidiano, o respeito ao ser humano e a vida humana.
O respeito à vida do próximo é o respeito à minha vida, e vice-versa.
Precisamos urgente, nos indignar cotidianamente, contra atitudes que não valorizam a vida humana e demonstrar ao próximo e nossos representantes políticos, que acreditamos ainda ser possível construir uma sociedade melhor para todos.
Saiba mais...... "A Invenção da Crise", Marilena Chauí. http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/446501-447000/446655/446655_1.html